28 agosto 2008

Deus.

às vezes fico mesmo desconfiado que o Cláudio Ramos é Deus! a forma como julga a vida dos outros é espectacular.

ainda ontem saí da cama a correr e fui ligar a tv, com medo, não fosse ele estar a falar de mim! não tivesse eu feito algo chocante na noite anterior sob o efeito do álcool...

não tarda, nas igrejas, a bíblia será substituída pela TV 7 Dias...

27 agosto 2008

shot 23.

the national: lucky you


"...you clean yourself to meet
the man who isn't me
you're putting on a shirt
a shirt I'll never see
there's letters in your coat
but no one's in your head
'cause you're too smart to remember
you're too smart
lucky you..."

downhill.

"
the day you left me, i had to look for new hobbies to kill my time and brain cells. i chose downhill. I slid throughout valleys and chains.

one day i found someone looking for people to escalate mountains. i rejected the offer. you asked me why.

i said: i'm not making efforts for anyone anymore.
"

26 agosto 2008

crossed minds. #0

convite da minha amiga Hollow, para encetar textos cruzados. prontamente aceite. cruzar ideias, vocábulos e tudo o resto que surgir.

eis a primeira criação.

"
m.n.d: she asked me how could i defy such a rebellious sea without any kind of protection. i said that i knew no waves could kill me no more. some calendars ago, i would rather be swollen by a refreshing wave than wait alone on the sand.
but now, i confessed to her that i'd rather die of boredom than be washed away by some wave that would disappear quicker than a fly gets away from your sleep hand.

h: but my sleepy hand had no flies to fly away. only a shore. safe. outside the cubes humankind forced on us to work, sleep and eat. outside the concrete humankind made for us as a heart. i could break your shell so you could hear the real sea without fears. and fight it with clear eyes.

m.n.d.: my clear eyes always proved too fragile for such salty giants. some shores ago i'd rather have my trusty eyes blood red than protect them with a corporate lens. but now, i don't even look at the waves no more.

h: the waves no more the same, also, since you set off your eyes to gaze the nothing. let giants kill each other until the end, that seems always so close. vultures eventually die. i defy their look into my flesh wounds with a smile upon my lips.

m.n.d.: the smile upon my lips is nothing more than a memoir. it's so valuable that no one can reach it no more. daily smiles are like the coins on my wallet. coming and going like a commercial gesture, that has no value for me. next time i smile, i will record it, for me to remember afterwards. i will. if it ever happens again.

h: if it happens again, i will hold it. but it must be pure. nothing looks pure anymore and i desire it as oxygen. i need to breathe it deeply. surrender my life. help me.

m.n.d.: help me she said. her skin lying like a magic carpet, pumping the pure and fresh air that i thought only fossils would contain. the only way i could help would be to show you the fossil of my own heart. dry, scarred. just to let you know that veins held pure blood at certain time and date. now the fossil no even reads R.I.P.
"

20 agosto 2008

o ex-trapezista sem rede.

para quem olhasse as bancadas, recheadas de faces descontraídas e olhos famintos por entretenimento, não notaria nenhuma perturbação no espírito do circo.

mas havia um sentimento inebriante por detrás das cores, que lhe alegravam a face, já algo derretidas devido à alta temperatura que se fazia sentir e provocado pela forma como a tenda retinha o calor existente no exterior.

para ele, apesar de saber que quando debutasse a maioria da plateia sorriria infantilmente, mesmo os mais graúdos, nada daquilo fazia sentido.
as cores que lhe adocicavam o rosto não lhe pertenciam e as coisas plastificadas causavam-lhe estranheza. até mesmo os sapatos tinham um tamanho inferior ao seu.

a estranheza era ainda maior quando, embrenhado nas cores e disfarces de palhaço, mirava o antigo trapézio, inalcançável para quem tinha agora os pés no chão, no solo, no tapete mundano.
relembrava a altura em que impulsionado pelo trapézio conseguia acariciar as estrelas, cuja luz rompia a cúpula da tenda do circo, onde também ele brilhava.

mas agora, nem o seu fiel trapézio parecia o mesmo. anteriormente, o trapézio era a divisória entre o céu e a terra. mas não era mais. Agora, uma rede situava-se entre o trapézio e o chão.
uma rede que servia para rectificar a realidade quando algo inesperado ocorria. tal como quando acordamos de um sonho negro, a rede era uma segunda oportunidade, criando no fundo uma nova realidade, que deixava de ser crua.

para o ex-trapezista sem rede, tornado palhaço, nada daquilo fazia sentido. A rede era um machado lancinante cravado no seu peito. por isso tinha descido. fora uma descida que, mesmo não envolvendo queda, tinha danificado mais do que qualquer tombo do trapézio sem rede para o amparar.

agora era apenas alguém com um sorriso desenhado por cima dos seus lábios, que na verdade se encontravam secos, áridos, muito mais mudos e neutros do que em tempos idos. A contrastar, as faces da plateia a sorrir, às vezes por apenas visualizarem a presença dele.

14 agosto 2008

29.

muito pouca coisa me levaria a percorrer mais de 1000km nesta altura da minha vida. são muito poucas mas graças a Deus ainda existem.

conto 29 a partir de hoje e celebrá-los-ei com um brinde ao som de Massive Attack.

não existe nada aqui, mas tudo o que existe aqui... é meu.

P.S.: obrigadinho a todos pelos telefonemas e pelas SMS.

performance.

Consta que, no próximo fim-de-semana, deverá haver novo set dos Ska-Bi-Duo, desta feita num certo festival de Verão.

Esperemos que seja uma performance mais bem conseguida relativamente à anterior. Tanto por nós, como por quem assistir.

04 agosto 2008

spot.

o melhor sítio do verão é a sala. coberta de sombra, com a luz mínima. queima-se um incenso e um cigarro ao mesmo tempo. elabora-se uma playlist ad-hoc para condizer com o batimento cardíaco do momento. encosto-me. e é deixar fluir. e sorrir com as piadas que o mundo me conta. sem dúvida, o mundo é o melhor comediante de sempre.